Selvajaria urbana




Antes de mais nada gostaria de dizer que me enganei nas contas – matemática nunca foi o meu forte – e não era o artigo seguinte, mas sim este que eu escreveria com mais um título europeu conquistado pelo Futebol Clube do Porto.
Passando ao que interessa (sim, desta vez interessa) este texto escrevo com verdadeira indignação. Até aqui sempre escrevi com o objectivo de me divertir e divertir também quem lê o que escrevo – se consegui ou não, são outros quinhentos – mas desta vez vou mesmo falar de um problema sério. Hoje, como todos os dias, estava a ver o telejornal quando me deparo com um cenário deprimente a abrir o dito programa: uma rapariga de catorze anos foi brutalmente agredida por duas outras raparigas. “Cenário deprimente”, pensei. Fui à internet pesquisar o dito vídeo e vi-o. Cenário ainda mais deprimente. Ainda antes de começar o segmento que mostrou no telejornal (as duas agressoras a puxar o cabelo à jovem) ouvimos uns rapazes a “picar” as agressoras dizendo que a vítima disse “não sei o quê sobre não sei quem” até que uma delas passa mesmo a vias de facto e puxa os cabelos à jovem de catorze anos debaixo de pequenos risos de quem assistia. Depressa aparece a amiga da primeira e começa também a puxar os cabelos até que mandam a agredida ao chão e pontapeiam a jovem indefesa. Quem vê ri-se e “manda bocas” do tipo: “Isto já vai para o facebook”.
Ora, até aqui eu pensava que humanos selvagens só mesmo o homem da imagem acima mas apercebi-me que nos estamos a aproximar a passos largos dos animais… não, peço desculpa, nunca tive a intenção de insultar nenhum animal porque os animais irracionais atacam por necessidade ou por se sentirem ameaçados, neste vídeo dá para ver animais ditos racionais a incentivarem à violência por puro prazer e, por isso, são bem piores que os seres vivos que andam na selva.
Com isto a pergunta que se põe é: o que acontecerá às agressoras? E a quem filmou? E aos que assistiam ao “espectáculo” apenas rindo ou espicaçando? Gostava de ver estas perguntas respondidas de forma satisfatória em breve mas com menores de dezasseis anos duvido que aconteça. Portanto, peço a todos os que leiam este texto para pensarem melhor se querem deixar o seu lado animal vir ao de cima ou se querem ser conhecidos por seres racionais e que evitem situações como a descrita hoje. Não só não se metendo em confusões deste tipo mas também não deixando que as mesmas aconteçam.

Televisão Independente ou Televisão Inconveniente?



Pelos vistos enganei-me e escrevo este texto sem que o Porto tenha, até ao momento, conquistado mais um título europeu mas não pude deixar de dar a minha opinião sobre a estação televisiva da imagem, a TVI.
Nem me vou alongar sobre a monotonia televisiva a que os telespectadores do referido canal têm que assistir, por exemplo, até há bem pouco tempo tínhamos as habituais novelas seguidas de Lie to Me (traduzido para O rosto da mentira) de segunda a quinta-feira e às sextas eram-nos apresentadas as mesmas novelas mas com Depois da vida a dar-lhes seguimento, portanto, programas diferentes com o mesmo tema…
Mas o que me leva a escrever hoje é algo mais irritante que a falta de imaginação. Diria mesmo que é imaginação a mais, porque a TVI parece ser de extremos. Não me recordo de outro canal com tanta diversidade de “espectáculos” da vida real (reality shows, como são conhecidos). Já tivemos casas, circos, quintas, tropas e até mesmo tribos. E é daqui que passamos dos oitenta para os oito, novamente porque, sempre que há envolvimento de famosos, vemos quase sempre a figura do “jet set” português, José Castelo Branco. Se não fosse os programas do quarto canal ninguém saberia quem é a pessoa que acabei de referir porque, diga-se, não é como cantor que se vai afirmar. Mas o caso mais evidente é o do Big Brother. Antes das duas edições com figuras públicas, tivemos quatro com ilustres desconhecidos.
Posto tudo isto, seria de esperar que o público se cansasse mas, visto que se continua a apostar neste tipo de programa, leva-me a crer que as audiências são elevadas, portanto, a culpa é vossa, que vêem os ditos cujos.
Desta vez o meu apelo é simples: não querendo prejudicar a estação televisiva sobre a qual escrevo, peço-vos que, se não querem ver José Castelo Branco no mundo da culinária – porque depois de tantos “espectáculos” da vida real não deve restar imaginação para mais –, deixem de ver o que a TVI insiste em despejar nas vossas televisões.